
O homicídio do homem transexual Thadeu Nascimento, conhecido como Têu, foi lembrado em um protesto na praia da Paciência, no Rio Vermelho, na noite de sexta-feira, 12. Organizado pelo grupo Famílias pela Diversidade, o ato, que pediu justiça pela morte do garoto e por outros casos de LGBTfobia ocorridos na cidade, teve a presença da mãe da vítima, Rosângela Silva, 41.
Na ocasião, ela relatou que foi informada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) sobre um pedido de liminar que órgão teria feito à Justiça para quebrar o sigilo telefônico e de redes sociais de Têu, a fim de ajudar na elucidação do caso.
Ainda segundo Rosângela, o apartamento do filho dela, em Fazenda Grande III, região de Cajazeiras, nunca passou por uma perícia.
“Como eu estava nervosa e invadi o local, eles disseram que a cena [do crime] foi mexida”, contou a mãe da vítima. Rosângela ainda revelou que desconfia de que o assassino de Têu é uma pessoa próxima à família, mas não quis citar nomes.
“Ele era super de boa, fazia muita amizade e não tinha inimizade. A gente se falava muito e ele dizia que ninguém nunca tinha mexido com ele lá [no bairro]. Têu era minha segunda parte”, descreveu Rosângela, bastante emocionada.
Em nota, a SSP informou que “todas as medidas cautelares necessárias para a elucidação do crime foram realizadas”. Segundo a pasta, a investigação “está em estado avançado”, mas detalhes não podem ser divulgados “para não atrapalhar a resolução do caso”.
Estatísticas
De acordo com o presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, a morte de Têu Nascimento foi o primeiro homicídio de um homem trans que se tem notícia no estado.
Em 2017, segundo dados do levantamento feito pelo GGB, nove casos de violência contra pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) já foram registrados na Bahia.
O estado é o terceiro mais LGBTfóbico, atrás apenas do Rio de Janeiro, com 10 registros, e de São Paulo, com 18 casos. No Brasil todo são, até esta sexta, 117 registros.
“Talvez essa seja uma contra-ofensiva, já que as pessoas estão empoderadas e aparecendo na sociedade”, analisou o ativista, lembrando que “a presença de homens trans nos espaços sociais e políticos ainda é algo muito novo”.
Para a coordenadora nacional do Famílias pela Diversidade, Inês Silva, o protesto realizado nesta sexta “é por toda violência que vem acontecendo há muitos anos sem que uma lei seja criada para criminalizar isso”. A morte de uma pessoa LGBT a cada 27 horas no Brasil – dado repetido por ativistas – também foi citado por ela.